“As mocinhas de Santa Helena” se reencontram para trocar recordações

 O encontro aconteceu no último sábado, em um shopping center da região
 
Rever os amigos de infância é uma tarefa que nos revigora em todos os sentidos, especialmente na parte emocional. Partindo desse caminho, duas amigas tiveram a ideia de realizar um encontro para reunir as colegas que fizeram na época de criança, no bairro Santa Helena, em Votorantim.
A curiosidade do bairro é que, a grande maioria que residia no local, trabalhava no Grupo Votorantim. Era como se fosse uma pequena cidade. Todos se conheciam e, também, criavam amizades como se fosse uma segunda família.
Uma das idealizadoras – Ana Maria Soares Paes – explica que o intuito do encontro é para reunir novamente as meninas que fizeram parte da história do bairro Santa Helena. Titulado como “As mocinhas de Santa Helena”, o encontro, que ocorreu no último sábado (10), no Shopping Panorâmico, foi repleto de emoção e recordações.
O encontro contou com 12 mulheres que, no decorrer das três horas de conversa, se tornaram meninas, daquela época. “A expectativa era mais de 20 pessoas”, comenta Maria de Lourdes Marques, que trabalhou na Câmara Municipal como secretária geral há mais de 30 anos, onde se aposentou.
Ana Maria Soares conta que, umas das amigas, não a via há 20 anos. “Foi a oportunidade que tive de revê-la”, se emociona.
A expectativa, segundo elas, é organizar mais vezes esse encontro na cidade, com o objetivo de não perder mais contato.

Folha de Votorantim
Valdinei Queiroz

Ettore Marangoni 1907-1992

Hoje vamos falar um pouco sobre o trabalho deste artista que retratou com sua arte momentos marcantes de nosso município, fizeram parte de suas obras a antiga Vila de Santa Helena, Fazenda São Francisco e Ligth.

Nascido na Suíça, em Baar, Cantão de Zug, chegou ao Brasil aos 8 anos de idade, aqui fazendo os seus cursos de educação e aqui formando a sua personalidade.

Em Votorantim, onde passou a residir, aos 12 anos já pintava pequenos quadros, que eram um extravasamento de arte e uma satisfação para algo muito íntimo que o próprio menino não sabia explicar.

Com o passar dos tempos passou a ocupar na Cia. Nacional de Estamparia uma função que também era arte: Técnico em Fotogravura, profissão incomum na época, cujo estudo fez na Bélgica e Alemanha, criando desenhos, gravuras e padrões excepcionais para tecidos.

Conheça um pouco de suas obras:


"Fazenda São Francisco"
A Fazenda São Francisco é um marco dos primeiros habitantes da região que mais tarde levaria o nome de Votorantim.


"Desmenbramento - parte 1"
Desenvolvimento da região de Sorocaba e Votorantim (no alto á esquerda pode se ver a capela da penha). As atividades retratadas foram as iniciais, como engenhos, agricultura e ao lado direito já se vê os fornos de siderurgia.

Estação Itupararanga, em 1920, hoje Sta. Helena. Estudo  

Itupararanga em 1920, hoje Vila Sta. Helena. 

Fonte: http://www.marangonihein.com.br



Obs.: Para fazer os comentários (clicar em comentários e abaixo da caixa de texto escolher a opção NOME/URL, então é só colocar o nome é clicar em continuar, então fazer o comentário e clicar em publicar).

Onde eu nasci ?

Recentemente minha filha estava incumbida de uma tarefa escolar.
Aliás nos estados unidos, onde resido atualmente, por mais que sejam diferentes os povos e costumes, todos nós viemos de famílias oriundas de outras nacionalidades, somos filhos de imigrantes de certa forma. O velho continente foi um dos primeiros descobridores e também os primeiros colonizadores.
Partindo desse princípio, o desenrolar familiar dentro de todo o contexto geral relacionado à civilização dos dias de hoje, somos todos sul americanos emigrantes em nosso próprio país.
Sem entrar na questão de como fomos colonizados e tal.
Somente inicio este preâmbulo, para que possam, àqueles que não me conhecem, ou que compartilham comigo entendem a s minhas palavras.
Pois bem, minha filha teria que fazer um trabalho escolar “tree of life”, a árvore genealógica de mim e de minha esposa.
Seriam as perguntas como: quem foram os bisavós, avós, tenho tios, primas. De onde eu venho em termos de descendência familiar? Este trabalho surgiu em momento oportuno para mim, porque já estava buscando minhas origens, sem muito êxito, e essa tarefa escolar veio facilitar, de forma que eu pudesse “buscar” minhas origens, onde nasci, meus bisavós, avós, tataravós, tios , tias etc.
Comecei a averiguar poucos documentos que tenho, afim de completarmos o programa de pesquisa que estava para formar a minha filha Melanie.
Este é o propósito desta minha crônica, mostrar de onde eu vim, onde eu nasci, meus avós, tios etc.
Nasci na vilinha, encostada no morro aonde passava um canal de água, próxima à vila de santa helena. Em uma casa simples de família de origem uma parte italiana (lado de minha mãe), e parte de brasileiros do campo (lado de meu pai).
Meu nome Noel , veio através da data de meu nascimento, dezembro 06 1952, dia de são Nicolau, o “santa claus” para os europeus, o “papai noel “ para nós, daí a origem de meu nome, um nome mais apropriado para aquele recém- nascido de um casal de origem simples.
Na minha certidão de batismo consta: filho de Eurides rocha dos santos (nascido na antiga fazenda São Franciso) e de Orlanda Moraes dos santos (nascida no antigo município de Votorantim) , avós paternos Francisco Rocha e Cantidia Rocha (ambos nascidos na antiga fazenda São Srancisco), avós maternos Mario Moraes (nascido na cidade de São Paulo )e Claudina Moraes, (nascida no município de Votorantim).
Eu fui o primeiro filho de um casal jovem e bonitos, meu pai trabalhava na fábrica de cimento desde os seus 16 anos (falsificou sua idade, para poder trabalhar), naquela época não se podia trabalhar menores de idade, minha mãe trabalhava até antes de se casar na fábrica de tecidos da Votorantim.
Cresci na vilinha (eram casas geminadas como as demais localizadas antes da vila de santa helena e logo depois de santa helena velha), até a idade de 6 anos, onde me mudaria para a vila santa helena, em uma casa que não me recordo o endereço, sei que ficava logo atrás da igreja.
O marcante que tenho apenas dessa tenra idade, são as marcas que tenho nas minhas unhas , origem de um acidente na corrente de bicicleta que meu pai usava para ir ao trabalho.
Uma travessura na cozinha, derramaram gordura quente no meu pé esquerdo, o que resultou um pequena cicatriz desta minha arte.
Também da dificuldade e desespero de minha mãe quanto a minha saúde, não tinha muita resistência física, sofria de asma, em uma poluição como era a fábrica de cimento naqueles tempos.
Curandeiros e “passes “como se dizia foram dados em mim, leite de cabra, mel , banana do mato e cresci me desenvolvendo. Com a ajuda de curandeiros e remédios de um curandeiro que vivia em piedade. Quantas e quantas vezes saímos de madrugada, minha mãe , minha tia e ás vezes meu pai, no inverno castingante , de charrete, para que o curandeiro com suas medicinas e ervas benditas me curasse.
Graças a deus e com ajuda dessas pessoas que não me lembro nomes, que muito me ajudaram e assim me curei definitivamente.
Bem, meus tios paternos (Alirio Rocha, Aparecida Costa, João Zico Rocha), tios maternos (Orlando Moraes, Nair Paes, Leonilda Lilva, Luiza Costa ), os homens, todos meus tios trabalhavam na fábrica de cimento, as mulheres cuidando de sua prole, seus filhos.
Assim foi a família de muitos outros que viviam e nasceram na vila de santa helena. São tantos detalhes de cada família que levariam páginas e páginas descrevendo a beleza de cada uma.
Com estes pequenos detalhes de mim, se podem ter uma ideia, àqueles que lerão este artigo com muito carinho escrito, o esforço de nossos pais, tios e amigos para nos deixar um legado de continuidade de nossa existência.
Devido a isso tudo é que hoje quando vejo velhas fotos postadas por diferentes famílias no “facebook”, por meus amigos de infância, etc. Me vem a memória de onde viemos , nossa origem, realmente foram tantos elos marcados entre a comunidade da vila, que esta corrente de amigos de família, nos ata como uma continuidade daqueles que nos acorrentaram em seus corações.
Estes elos, com suas dificuldades no passado, com suas diferentes características dentro de cada família santa helenense, ainda os conservam.
Hoje revivendo algumas fotos remanescentes de minha infância , não tenho na realidade muito o que mostrar a minha filha (muitas fotos se perderam) , somente agora com esta facilidade que a tecnologia moderna nos proporciona, posso mostrar a minha filha como éramos, onde vivíamos etc.
Recentemente minha filha foi passar férias em Sorocaba (onde minha irmãs Nilclea e Nivea residem), esteve passeando onde for a vila de Santa Helena, algumas fotos foram tiradas.
A igreja de santa helena e seu cruzeiro ao lado, eram basicamente a fotografia revelada daquilo que outrora fora parte de meus 21 anos vividos.
Quando minha filha terminou seu trabalho de “pesquisa” me mostrou o resultado, e para minha surpresa, ela simplesmente havia posto o título final, desta forma:
“acredito na infância , acredito na fé, acredito no amor de santa helena”

Noel R Santos, Miami-01/23/2012

Construção da Votoran

A Fábrica de Cimento Votoran não foi apenas responsável pela cor cinza que reinava nos telhados das casas de Santa Helena, ela deu oportunidades para muitos pais e mães construirem suas famílias ancoradas em estruturas que toda sociedade necessita ter.

Neste "post" vamos mostrar o nascimento desta Industria que já foi a maior potencia cimenteira, fazendo de nosso município conhecido como a "capital do cimento" e levando o nome Votorantim para todo o mundo.

Toda a sua produção de cimento e o suor de todos os que alí trabalharam ou dos que ainda continuam a trabalhar, foram responsáveis pelas "memórias concretas". Hoje a Vila se encontra acompanhada pela gigante Votoran e por duas pequenas igrejas, mas perâmbulando pelos terrenos e ruas de cimento, se encontram muitas histórias e recordações de todos nós que um dia tivemos o imenso prazer de nos levantar pela manhã e aprecisar o nascer do sol que surgia por trás daqueles telhados cinzas da Vila de Santa Helena.


 

Pontos marcantes para a Fábrica de Cimento Santa Helena:

• Em 2 de Junho de 1936 é inaugurada a Fábrica Santa Helena, em Votorantim (São Paulo). O cimento era transportado de trem pela estrada de ferro construida pelos donos da Votorantim.

• Inauguração da Fábrica Santa Helena, em Votorantim (SP), a primeira fábrica com capital 100% nacional. Seu primeiro forno teve capacidade inicial de produção de 250 t/dia. O cimento passou a de chamar 'Cimento Votoran'.

• A Votorantim, por meio da Fábrica Santa Helena, vence a concorrência para remodelação do Viaduto do Chá na capital paulista.

Fonte das fotos e informações: http://www.votorantimcimentos.com.br/


Obs.: Para fazer os comentários (clicar em comentários e abaixo da caixa de texto escolher a opção NOME/URL, então é só colocar o nome é clicar em continuar, então fazer o comentário e clicar em publicar).

O nosso lado “Country” da Vila Velha de Santa Helena.

Também tínhamos o nosso lado “caipira”  “country” como se diz hoje, para diferenciar caipira que muitos o generaliza de pobre, sem cultura, e isto também tínhamos na nossa vila velha em Santa Helena.

Nos rádios como era costume, na Santa Helena, Votorantim Baltar, Piedade, Ibiuna, e todo o interior , ainda podíamos sentir o clima caboclo, sentir o cheiro de café fresco no fogão à lenha, o bolo de fubá cremoso, o saborear arroz com galinha caipira , até os ovos das galinhas tinha esse nome, “ovos caipira”. Isto provando e mostrando que vínhamos de famílias humildes, do campo, muitos tinham a sua rocinha nas alamedas do morro, e daí tiravam de suas plantações, o sustento da família. Eram comuns as roças de feijão, milho (quanta pamonha fazíamos em casa de minha mãe).

Enfim, este lado simples e modesto fazia parte do mundo mágico também. Essa era a origem de meu pai, que vinha de família de piedade, do Jurupará, perto da represa de Itupararanga. Não tenho registros desta época, mas estou em sua pesquisa.

Voltando a Santa Helena velha, ouvia-se no rádio músicas como “coração de luto” por Teixeirinha, era um sucesso. Dizíamos até que usava sua história para fazer dinheiro com a música que fez, mas isto também faz parte do criticismo que até hoje o ser humano utiliza para justificar o injustificável.

Era Tonico e Tinoco cantando “moreninha linda” que simbolizava de certa forma a mulher frágil , e juvenil do campo. Foi neste ambiente que eu me desfrutava da gente simples da roça, das minhas “excursões” de bicicleta a Capoavinha, a fazenda São Francisco, Baltar . As roças eram feitas na enxada, na foice se abria o mato, todos tinham as mãos robustas , calejadas, ora pelo trabalho pesado da fábrica de cimento, e também por sua rocinha que era o seu outro sub sustento. Agora imagino, quanto estes homens se esforçavam para manter sua família, nem só de música vivíamos, mas ela fazia parte de nossos costumes, nas rocinhas, os radinhos de pilha com música sertaneja era escutado, misturando-se com o canto dos pássaros , assustando os tatus que não saiam de suas covas.

Na Vila Velha de Santa Helena, depois de passar pela encosta do morro, passava a vilinha, e assim chegava à casa de minha tia Nair (irmã de minha mãe), que ali morava .

A maioria da Vila Velha, os adultos com seus cigarros de palha, o fumo era cortado com canivete, sopravam suas baforadas no ar que não tinha o mesmo grau de poluição da nossa vila na fábrica. Todos também se conheciam, afinal era uma pequena comunidade em que a maioria frequentava a mesma escola, e os pais trabalhavam também na fábrica de cimento.

A moda de viola fazia parte desta minha lembrança, e por não dizer dos fogões esperando a hora de começar a cozinhar comida quando recebia uma visita.

O jogo de malha era comum embaixo dos eucaliptos na vila velha, porém um jogo de adultos somente, crianças não podiam jogar. Era um jogo talvez oriundo de portugueses ou italianos, não sei ao certo, mas era interessante, os homens mostrando sua maestria nas pontarias em “atirar”aquela pequena roda de ferro para marcar os pontos dentro círculo. Muito lindo aquilo!

Parece que o sertanejo vivia em Santa Helena, no cinema Mazzaropi nos deliciava com seus filmes simples, poéticos e engraçados. O homem do campo, o caipira era mostrado com poesia, o lado do brasileiro puro, mas não estúpido, com pouca cultura, mas de coração benevolente, que não se compra.
Hoje, em Campos de Jordão, existe o hotel fazenda Mazzaropi com seu museu, lagos, viva lembrança de minha infância sertaneja em Santa Helena.

Noel r santos, miami 01/20/2012

Homenagem | João Machado

João Machado
João Machado, nasceu no dia 03 de Janeiro do ano de 1941 no Município de Salto de Pirapora, filho de Noridino Machado e Laura Moreira Farrapo. Casou-se com Terezinha de Jesus Fogaça Machado no dia 15 de Setembro de 1962, desta união nasceram 3 filhos, Admir Aparecido Machado, Valmir Machado e João Machado Junior.

A história do Sr. João Machado com a Vila de Santa Helena e com a Fábrica de Cimento Votoran se iniciou no ano de 1959, quando entrou trabalhar no “Forno de Cal”, porém ainda não veio morar na Vila. No ano de 1963 após o falecimento de seu sogro (Sr. João Fogaça), veio a morar na Vila de Santa Helena juntamente com sua esposa e sua sogra, e passou a trabalhar no “Forno de Cimento” mesmo ano em que nasceu seu primeiro filho.

João Machado era uma pessoa muito carismática, fez grandes amigos por toda a Vila e principalmente nos grupos em que frequentava, no Clube da Prainha foi membro por muitos anos, passando por cargos como tesoureiro e até chegando a ser Presidente. 

Além de amar o seu trabalho e se dedicar por inteiro para a produção da Industria Votoran, o Sr. João Machado em suas horas de lazer fazia questão de estar jogando boxa com seus amigos, estes que não foram poucos.

No ano de 1965 nasceu seu segundo filho, João Machado e família moraram em diversas casas da Vila, primeiro vieram para a residência da antiga “rua da garagem”, depois Rua Pernambuco, Rua Brasília, onde nasceu o seu último filho no ano de 1984, ainda passaram pela Rua Guanabara e por último na Rua Minas Gerais.

A história do Sr. João Machado foi marcada por muitos momentos felizes compartilhados com os familiares e amigos da Vila, porém também houve um espaço para batalhas atreladas com alguns problemas de saúde. No mês de Dezembro do ano de 1986 o Sr. João Machado foi surpreendido com dores na perna, sequentemente procurando por tratamento médico foi decretado que ele estava com uma trombose e que haveria a necessidade de amputar a perna afetada. Foi um grande choque para o Sr. João Machado como também para toda a família, porém todos sabiam que era o que deveria ser feito, pois todo o tratamento estava sendo feito na Beneficência Portuguesa, um hospital de grande confiabilidade mantido pela Industria Votorantim, esta que além de dar o tratamento necessário para o Sr. João Machado, ainda doou uma prótese para que ele ainda pudesse andar sem a necessidade de cadeira de rodas, porém dois anos mais tarde em 1988 a mesma doença veio a afetar a outra perna em que se encontrava sadia, e o mesmo procedimento foi indicado pelos médicos. O Sr. João Machado se encontrava sem as duas pernas, andando com o auxilio de cadeira de rodas, porém este sofrimento foi enfrentado com grande força por este homem batalhador.

No ano de 1990 o Sr. João Machado se aposenta, mesmo ano em que vem a falecer com 49 anos. Sua esposa permanece morando na Vila, até o ano de 1993 quando tem a necessidade de deixar a Vila, devido seus dois filhos mais velhos já serem casados e seu filho mais novo ser menos de idade, sem nenhum membro da família trabalhando na Vila, período em que se intensificou a derrubada das casas. Dona Terezinha e seu filho mais novo saíram da Vila para morar em uma casa no Bairro Rio Acima, adquirida com o tempo de trabalho do Sr. João Machado na Fabrica de Cimento Votoran.

É por todo o exposto que o Blog Vila de Santa Helena, juntamente com o Grupo Filhos de Santa Helena, vem prestar esta homenagem a família do Sr. João Machado.

Meu Primeiro Salário

Texto de Hudson E. Passos

Contribuir com esta iniciativa do Grupo Votorantim e fazer parte da história, colaborando na construção destes 85 anos, descrever fatos e expressar sentimentos, agregar as experiências passadas ao presente, buscando um futuro compreensivo e melhor é, sem dúvida alguma, a maior recompensa almejada – fazer parte deste legado.
Para expressar a minha relação com o Grupo Votorantim se faz necessária uma breve viagem ao passado, onde o bondinho percorria a linha férrea e era de suma importância, tanto para as fábricas quanto para os funcionários.
Meu primeiro salário. Quando eu tinha apenas oito anos de idade, o Grupo Votorantim indiretamente se fazia presente na minha vida. Como assim? Vamos lá. Em meados dos anos 70,meus avós trabalhavam na Fábrica de Santa Helena: José Benedito Constantino, avô por parte de mãe, que primeiro trabalhou na Ensacadeira e depois como Encarregado da Mina do Baltar, e Albino Baptista dos Passos, avô paterno, que trabalhava na Preparação e Colocação de Explosivos na Mina do Baltar. O que isto tem a ver com o meu primeiro salário?
Pois bem, naquela época não existia refeitório, com comida fresquinha e outras facilidades que temos hoje. Como alternativa para os funciona rios que moravam longe da Fábrica cimenteira Votoran, as esposas ou mães mandavam, via “bondinho”, o almoço para os trabalhadores. Para que isso fosse possível, as prendadas mulheres preparavam e acondicionavam a comida numa marmita, envolvendo-a em dois guardanapos de pano amarrados fortemente e identificavam com o nome do funcionário, evitando-se assim transtornos. Contratavam, informalmente, meninos, pagando mensalmente 15 Cruzeiros por marmita, para levarem até o local onde o “bondinho” parava.
Eu descia com as marmitas pela Rua Joaquim Fogaça quando ainda era de terra batida. Lembro da maleta verde, a mais pesada de todas, onde eu levava a marmita do meu avô paterno. Valia o esforço, pois no dia do pagamento dos meus avós eu também recebia o meu, o suficiente para uma criança comprar brinquedos e ainda ajudar no orçamento de casa, pois o salário do meu pai era comprometido com a construção da nossa casa.
Com o sentimento de gratidão, escrevo não somente para relatar a experiência vivida no passado, mas também pelo que representa na minha vida profissional, dos meus familiares e daqueles que se beneficiaram do empreendedorismo do Grupo Votorantim e pela sua importância, como grupo gerador de empregos e fomentador de projetos sociais que beneficiam direta e indiretamente as comunidades onde estão instaladas as suas fábricas e os seus diversos negócios.

Doença de Menino

No ano de 1966, logo depois do carnaval , em meio a toda turbulência de preparativos e ansiedade para o novo ano escolar, em uma determinada manhã acordei ardendo de febre.

Minha mãe, buscou o termômetro de vidro , que continha uma espécie de mercúrio com a seguinte graduação “alta, média e baixa” o que siginificaria a temperatura de leitura de febre, tinha sim escala em números , mas eram tão pequenos que minha mãe marcava ao lado dessa forma para melhor identificar àquela leitura de números.

Estava tão preocupada com o resultado, febre alta indicava, e eu ardendo com os lábios tremendo mesmo, em pleno verão de fevereiro. Nesse momento, chega a sra. Nair, esposa do sr. Lino, nossa vizinha de quintal , para diagnosticar aquele menino enfermo.

Resultado: “caxumba”.

Nome de enfermidade causada por vírus infeccioso de transmissão respiratória. Minhas veias respiratórias estavam bastante afetadas, respirava com dificuldades, o caso era urgente.

Simplesmente me “enrolará”, minha mãe me tomou nos seus braços e juntos com sra. Nair me levaram ao pronto socorro local. Ali mesmo foram aplicados remédios e injeções. Preocupação maior eu tinha, de que poderia contagiar meus amigos, não queria de forma alguma que isto ocorresse.

Fiquei isolado em meu quarto, quase uma semana. Vizinhos vinham me visitar, cada um trazia diferentes presentes, todos preocupados. Não queria que nenhum amigo me visse naquele estado, seria muito perigoso , e eu mais ainda preocupado com a escola, tudo passava na minha cabeça. Algumas vizinhas, amigas de minha mãe chegaram até a trazer arroz doce com canela, doce que até hoje eu adoro.

Passado o período de convalescência, eu já estava na rua correndo com os amigos de sempre, Rrnani, Luiz da Diva, Marizinho, Mauricio, Zé Roberto(bezinho), todos ansiosos para saberem se estaríamos na mesma classe na escola, afinal seria o último ano. 

Mais surtos de caxumba surgiriam bem mais tarde, que felizmente foram tratados, afinal de contas essas enfermidades, são oriundas também do resultado da poluição da fábrica , dos produtos e resíduos que eram simplesmente jogados nos bueiros existentes da vila, sem nenhuma preocupação ou pouca preocupação com as crianças.

Até hoje me lembro , quando tomava o bondinho, na entrada da vila Votocel, era reinante o cheiro de produtos químicos que vinha das chaminés da fábrica, quantos detritos eram jogados no rio que desembocava nas corredeiras do rio Votorantim. Eram bolhas brancas , rosadas, isso era realmente penoso, ver parte daquele rio ser tratado daquela forma, mas afinal era a fábrica, a mesma que dela nossos pais recebiam o seu ganho para procurar dar aos seus pequenos uma vida melhor, e foi nisso que eu sempre acreditei, mas a vila com seus ares de fumaça, sempre foi a minha vila. 

Noel r santos , miami 01/22/2012

POEIRAS, FRUTAS, PEIXES E PÁSSAROS PREÂMBULO

EXISTEM EM MUITOS ASPECTOS LUGARES EM QUE VEGETAÇÃO, FLORA E FAUNA, NÃO PROLIFERAM POR DIVERSAS RAZÕES. EM MINHAS DISSERTAÇÕES E EM MEU PONTO DE VISTA, SEM ENTRAR NO MÉRITO DO CETICISMO, A VILA DE SANTA HELENA ERA UM CASO A PARTE, EXPLICO PORQUE EM VÁRIOS PONTOS.

NA VILA DE SANTA HELENA, O INDUSTRIALISMO NÃO ERA E NÃO FAZIA O SUFICIENTE, PARA MINIMIZAR A POLUIÇÃO QUE NOS AFETAVA DE CERTA FORMA. CRIAVA-SE OS FAMOSOS FILTROS , QUE EU MESMO ANOS MAIS TARDE OS DESCOBRIA TRABALHANDO NA FÁBRICA DE CIMENTO, AFIM DE MINIMIZAR O PÓ QUE CAIA CONSTANTEMENTE SOBRE A VILA .
IMAGINO SOMENTE AGORA, EM ANOS ANTERIORES A DE MINHA INFÂNCIA, OU ATÉ MESMO ANTES DE HAVER NASCIDO, COMO NOSSOS PAIS ENFRENTARAM MUITA POEIRA, BARROS NAS RUAS SEM ASFALTO, SEM COMUNICAÇÃO ALGUMA COM O MUNDO DE CASA, ENQUANTO TRABALHAVAM, SIM, SÃO UNS HERÓIS POR TUDO QUE FIZERAM PARA LEVAR A SUA PROLE PRA FRENTE. E MAIS AINDA, NÃO TINHAM SEQUER O MÉRITO QUE MERECIAM DE SEUS EMPREGADORES. MAS ISTO TUDO NÃO É A QUE ME REFIRO.
QUANDO OS VENTOS SOPRAVAM NA VILA RUMO AO SUL, POBRE DAS DONAS DE CASA, SUAS ROUPAS NOS VARAIS, OS PÁSSAROS , TUDO ERA ABSORVIDO POR ÀQUELA FUMAÇA , OS OLHOS ARDIAM, QUASE NÃO SE PODIA SAIR. ERA REALMENTE DIFÍCIL .
EMBORA COM TUDO , EM CADA CASA, SEMPRE HAVIA DIAS DE ESPERA, PARA SABER QUAL SERIA O SENTIDO DO VENTO , PARA QUE AS ROUPAS PUDESSEM SECAR, QUE OS PARDAIS VOLTASSEM A CANTAR COMO FAZIAM TODAS MANHÃS.
A FORÇA DIVINA É TÃO PODEROSA, QUE NA VILA TÍNHAMOS TODAS AS ESTAÇÕES DO ANO BEM DEFINIDAS. 
FRUTAS NO OUTONO, TÍNHAMOS DAS MAIS VARIADAS. EM CADA CASA, NO QUINTAL ENCONTRÁVAMOS AS DIFERENTES ESPÉCIES DE FRUTAS , QUE VOU PROCURAR EXEMPLIFICAR.EM MINHA CASA HAVIA UM MAMOEIRO, QUE ERA MAMÃO QUASE O ANO TODO, NA CASA DO SEU MANECO (PAI DO MOTA), ABACATE, NO QUINTAL DO SR LINO GARCIA, AMEIXAS , EM ALGUMA CASA LIMOEIROS.
OS ABACATES NÃO SE VENDIAM, SE DISTRIBUÍAM ENTRE OS VIZINHOS E PARENTES, DIFERENTES DE HOJE .. GOIABAS, AH DOCES GOIABAS, ESSA ERA UMA DAS MINHAS FAVORITAS.
QUANTOS PÉS DE GOIABAS ESPALHADAS, ERA NA ESTRADA QUE LIGAVA SANTA HELENA AO BALTAR, ERA ATRÁS DA FÁBRICA, NA FAZENDA S. FRANCISCO. ENFIM, ERAM TANTAS, QUE GOIABADA ERA FEITA EM VÁRIAS CASAS.
NA ESTRADA QUE LIGAVA A VILA SÃO FRANCISCO, CAPOAVINHA,, TANTAS E TANTAS VEZES IAMOS (EU E MEU TIO DITINHO) DE BICICLETA OU CAMINHANDO,HAVIAM MUITAS GOIABAS, ERAM GRANDES , BRANCAS E VERMELHAS, TENRAS, E SUCULENTAS.
NO SÍTIO NA COPOAVINHA, ONDE MEU AVÔ FRANCISO VIVIA, ERA O PARAÍSO, LARANJAS, MANGAS. QUANTAS E QUANTAS VEZES, EU ME DELICIAVA CHUPANDO MANGA NO PÉ , SOMENTE JOGANDO OS CAROÇOS NA TERRA. (ERA MANGA ESPADA, CORAÇÃO DE BOI , ASSIM A CHAMÁVAMOS). NO SÍTIO DO SEU DANTE, LARANJAS QUE ERAM DEVORADAS COM PAIXÃO .
A ESTRADA DA CAPOAVINHA TINHA UMA CARACTERÍSTICA QUE ME ATRAÍA, ERA O CHEIRO FRESCO DOS EUCALIPTOS(POR LÁ NÃO ALCANÇAVA AS FUMAÇAS DA FÁBRICA), A ORQUESTRA DE PINTASSILGOS E SABIÁS, BENTE-VIS QUE PARECIAM ESTAR NOS ASSISTINDO DO ALTO DAS ÁRVORES CUMPRIMENTANDO-NOS COM O SEU NOME .
QUANTOS AS GOIABAS, OS MENINOS VOLTAVAM DEPOIS DE RECOLHÊ-LAS ,POR DENTRO DA CAMISA AMARRADA NA CINTURA,OU EM SACOLAS . NO CAMINHO FAZÍAMOS A NOSSA “GUERRA” ATIRANDO GOIABAS UNS NOS OUTROS. ERA UMA BRINCADEIRA QUE SEMPRE ACABÁVAMOS RINDO.
BEIJA –FLORES SEMPRE HABITAVAM O FUNDO DO QUINTAL EM BUSCA DE AMEIXAS NA CASA DO LINO GARCIA, TALVEZ , E POR ISSO QUE O SIDNEY, SEU FILHO, O APELIDAMOS DE CUITELINHO.
HAVIA MUITOS MORADORES , INCLUSIVE MEU PAI QUE TINHA PINTASSILGOS NAS GAIOLAS, CANÁRIOS, E ATÉ UMA A ARAPONGA HAVIA PERTO DE CASA, QUE CANTAVA PARECENDO FEERO BATENDO EM FERRO. ERA DIFERENTE E ÚNICO (SE NÃO ME ENGANO ERA O PAI DO VANDO-GOLEIRO) QUE A TINHA.
SIM, A FUMAÇA NÃO AFETAVA AS TILÁPIAS NO RIO , QUE NÃO PODIAM SENTIR MILHO VERDE NO ANZOL, E DAÍ ERA PARA A MISTURA DO DIA. NAS PASSAGENS PELA VILA HORTÊNCIA, NA SUA REPRESA, OS CASCUDOS, ERAM PEGOS NA ENCOSTA DA BARRAGEM.
NO SÍTIO DO SR. DORIVAL MELO ,DO MEU PAI , E DO SR. ZÉ DO NORTE, ASSIM O CHAMÁVAMOS , TÍNHAMOS MILHO VERDE, MANDIOCA, PIMENTA, ABÓBORA, ETC.
MEUS PASSEIOS DE BICICLETA PELA LINHA DO TREM ATÉ A VILA OLÍMPIA, NA MINHA CALOI,SEMPRE PARAVA PARA CEVAR COM OS MILHOS TRAZIDOS ,O PONTO DE PESCA PARA DIAS QUE VIRIAM.
SIM, VIVÍAMOS NESTE PARAÍSO, ONDE A CHAMINÉ E OS VENTOS NORTE OU SUL, NÃO IMPEDIRAM DE TER ESTAS EMOÇÕES . ESTAS COISAS SIMPLES QUE A NATUREZA DIVINA NOS REGALOU.

NOEL R SANTOS , MIAMI-01/19/2012