Texto de Hudson E.
Passos
Contribuir com esta iniciativa do Grupo Votorantim e fazer parte da
história, colaborando na construção destes 85 anos, descrever fatos e expressar
sentimentos, agregar as experiências passadas ao presente, buscando um futuro
compreensivo e melhor é, sem dúvida alguma, a maior recompensa almejada – fazer parte deste legado.
Para expressar a minha relação com o Grupo Votorantim se faz necessária
uma breve viagem ao passado, onde o bondinho percorria a linha férrea e era de
suma importância, tanto para as fábricas quanto para os funcionários.
Meu primeiro salário. Quando eu tinha apenas oito anos de idade, o Grupo
Votorantim indiretamente se fazia presente na minha vida. Como assim? Vamos lá.
Em meados dos anos 70,meus avós trabalhavam na Fábrica de Santa Helena: José
Benedito Constantino, avô por parte de mãe, que primeiro trabalhou na Ensacadeira
e depois como Encarregado da Mina do Baltar, e Albino Baptista dos Passos, avô
paterno, que trabalhava na Preparação e Colocação de Explosivos na Mina do
Baltar. O que isto tem a ver com o meu primeiro salário?
Pois bem, naquela época não existia refeitório, com comida fresquinha e
outras facilidades que temos hoje. Como alternativa para os funciona rios que
moravam longe da Fábrica cimenteira Votoran, as esposas ou mães mandavam, via
“bondinho”, o almoço para os trabalhadores. Para que isso fosse possível, as
prendadas mulheres preparavam e acondicionavam a comida numa marmita, envolvendo-a
em dois guardanapos de pano amarrados fortemente e identificavam com o nome do
funcionário, evitando-se assim transtornos. Contratavam, informalmente, meninos,
pagando mensalmente 15 Cruzeiros por marmita, para levarem até o local onde o
“bondinho” parava.
Eu descia com as marmitas pela Rua Joaquim Fogaça quando ainda era de
terra batida. Lembro da maleta verde, a mais pesada de todas, onde eu levava a
marmita do meu avô paterno. Valia o esforço, pois no dia do pagamento dos meus
avós eu também recebia o meu, o suficiente para uma criança comprar brinquedos
e ainda ajudar no orçamento de casa, pois o salário do meu pai era comprometido
com a construção da nossa casa.
Com o sentimento de gratidão, escrevo não somente para relatar a experiência
vivida no passado, mas também pelo que representa na minha vida profissional,
dos meus familiares e daqueles que se beneficiaram do empreendedorismo do Grupo
Votorantim e pela sua importância, como grupo gerador de empregos e fomentador
de projetos sociais que beneficiam direta e indiretamente as comunidades onde
estão instaladas as suas fábricas e os seus diversos negócios.